A sentença da Corte de Cassação n. 5237 de 2014 aborda um tema delicado e de grande relevância no contexto do direito de família: a subtração internacional de menores. Em particular, o caso em questão envolveu uma menor, P. C., e os conflitos jurídicos entre os pais, B. M. e P. G., que ocorreram entre os Estados Unidos e a Itália. Esta sentença oferece pontos de reflexão sobre a proteção dos direitos dos menores e a importância da sua voz nas decisões que os afetam.
A Corte de Apelação de Florença, com um decreto emitido em 2012, havia ordenado o retorno da menor aos Estados Unidos, junto à mãe. No entanto, tal decisão foi contestada pelo pai, que impugnou a sentença, alegando ter a guarda exclusiva da filha. O Tribunal para Menores de Florença inicialmente considerou que a transferência da menor para a Itália era ilegal, uma vez que ocorreu sem o consentimento da mãe, que exercia o direito de custódia.
A sentença evidencia que a vontade contrária manifestada por uma menor com capacidade de discernimento deve ser considerada como uma hipótese distintamente avaliável.
Um dos aspectos mais significativos da sentença diz respeito à importância de ouvir a menor. A Corte destacou que, com base na Convenção de Haia de 1980, a opinião de um menor que atingiu um grau suficiente de maturidade deve ser considerada de forma autônoma. A menor P. C., de fato, havia expressado uma clara preferência por ficar com o pai, mas essa vontade foi inicialmente minimizada pelo Tribunal, que considerou suas preferências como ligadas a um contexto de maior permissividade por parte do genitor.
A decisão da Corte de Cassação representa um importante precedente jurídico, afirmando o princípio de que a vontade de um menor deve ser adequadamente considerada nas decisões que dizem respeito à sua vida. A sentença n. 5237 de 2014 não apenas esclarece o valor da voz do menor no contexto das disputas familiares, mas também sublinha a necessidade de uma abordagem mais sensível e atenta às necessidades e direitos dos mais jovens. Em uma época em que as famílias são cada vez mais heterogêneas e as disputas internacionais estão na ordem do dia, a salvaguarda dos direitos dos menores deve permanecer uma prioridade indiscutível.