Cass. civ., Sez. Unite, Sent. n. 31310/2024: A importância da aceitação com benefício de inventário para menores

A sentença n. 31310 de 2024 das Seções Unidas da Corte de Cassação aborda uma questão crucial relacionada à aceitação da herança por menores. Em particular, esclarece que, mesmo na ausência de um inventário, o menor adquire a qualidade de herdeiro no momento em que seu representante legal aceita a herança com benefício de inventário, assim impedindo a possibilidade de uma renúncia posterior.

O contexto normativo e jurisprudencial

Segundo o art. 471 do Código Civil, a aceitação da herança por parte dos menores deve ocorrer com benefício de inventário, que serve para proteger o patrimônio do menor de eventuais dívidas do falecido. A questão central analisada na sentença diz respeito à possibilidade de o menor renunciar à herança, uma vez atingida a maioridade, caso o representante legal não tenha elaborado o inventário.

A declaração de aceitação de herança com benefício de inventário feita pelo representante legal do menor, mesmo que não seguida pela elaboração do inventário, confere ao menor a qualidade de herdeiro.

A Corte, ao relembrar precedentes jurisprudenciais, esclarece que a aceitação, mesmo sem inventário, é suficiente para atribuir ao menor a qualidade de herdeiro, negando assim a possibilidade de uma renúncia posterior. De fato, o art. 489 do código civil estabelece que os menores não perdem o benefício de inventário até um ano após atingirem a maioridade, permitindo-lhes completar as operações necessárias.

As implicações práticas da sentença

A decisão tem importantes repercussões práticas para a gestão das sucessões em que estão envolvidos menores. Entre os pontos destacados, salientam-se:

  • A aceitação com benefício de inventário é a única modalidade permitida para os menores.
  • O representante legal não pode renunciar em nome do menor, que mantém sua posição de herdeiro.
  • O prazo para a elaboração do inventário é prorrogado por até um ano após a maioridade.

Essas disposições são fundamentais para garantir uma proteção adequada do patrimônio dos menores, evitando que possam se encontrar em uma posição de vulnerabilidade devido a dívidas hereditárias.

Conclusões

A sentença n. 31310/2024 das Seções Unidas da Cassação representa um importante avanço na proteção dos direitos sucessórios dos menores. Ela esclarece que a aceitação da herança, mesmo que não seguida pela elaboração do inventário, confere ao menor a qualidade de herdeiro, garantindo assim uma proteção contra os riscos patrimoniais decorrentes de dívidas hereditárias. É fundamental que os advogados e representantes dos menores estejam cientes dessas disposições para gerenciar corretamente as sucessões e proteger os interesses dos menores envolvidos.

Escritório de Advogados Bianucci