O recente acórdão do Supremo Tribunal de Cassação n.º 25067, emitido em 18 de setembro de 2024, abordou temas delicados relativos à responsabilidade subsidiária dos avós no sustento de menores e às condições para a revogação de sentenças. Em particular, o caso examinado destacou a complexidade das dinâmicas familiares e as consequências legais do incumprimento dos deveres de sustento.
No processo, A.A. e B.B. impugnaram a decisão do Tribunal de Apelação de Milão, que havia confirmado uma condenação contra eles para o pagamento de uma pensão mensal a favor da menor D.D. Tal decisão baseou-se no incumprimento do pai E.E., condenado também criminalmente por violação dos deveres de sustento. Os recorrentes sustentaram que o Tribunal de Cassação havia cometido um erro de facto ao afirmar a impossibilidade de recuperar o crédito contra o pai.
A revogação da sentença só é possível na presença de erros de facto inquestionáveis, que devem ser essenciais para a decisão.
O Tribunal esclareceu que, para que se possa proceder à revogação de uma sentença, devem existir requisitos específicos. Em primeiro lugar, o erro de facto deve ser evidente e não requerer interpretações complexas. Além disso, deve incidir sobre aspetos fundamentais da causa, de tal forma que possam alterar o resultado do julgamento. No caso em apreço, os recorrentes não conseguiram demonstrar a existência de um erro tal que justificasse a revogação da sentença.
A sentença reiterou o princípio da responsabilidade subsidiária dos avós em matéria de sustento, conforme previsto no art. 316-bis do Código Civil italiano. O Tribunal salientou que, em situações de impossibilidade de agir contra o progenitor obrigado, se pode recorrer aos avós. Este princípio já foi afirmado em jurisprudências anteriores, como na Cass. n.º 10419-2018, onde se clarifica a legitimidade de tal responsabilidade.
Em conclusão, o acórdão n.º 25067 de 2024 do Tribunal de Cassação oferece importantes reflexões para os operadores do direito e para as famílias envolvidas em situações de incumprimento dos deveres de sustento. A decisão sublinha a seriedade com que são tratadas as questões de responsabilidade familiar e a necessidade de uma abordagem rigorosa na solicitação de revogação de sentenças. É fundamental que os direitos dos menores sejam sempre tutelados, evidenciando a importância de ações tempestivas e concretas para garantir o seu bem-estar.