A recente sentença n.º 22051 de 2023 da Corte de Cassação oferece perspetivas significativas sobre a falsidade material em documentos, um tema de relevância tanto jurídica quanto social. A decisão foca-se na responsabilidade penal ligada à aposição de assinaturas falsas em atestados de doação de sangue emitidos por pessoal da sociedade AVIS, uma associação que desempenha uma importante função pública.
O crime de falsidade material é regulado pelos artigos 477 e 482 do Código Penal italiano. Em particular, o artigo 477 sanciona quem atesta falsamente factos que podem influenciar a verdade de um ato público ou privado, enquanto o artigo 482 diz respeito à falsidade em certificados administrativos. A Corte estabeleceu que a atestação de doação de sangue, sendo um certificado administrativo, configura o delito em questão.
Certificado administrativo - Subsistência - Razões. Configura o delito de falsidade material em certificado administrativo cometido por particular, nos termos dos arts. 477 e 482 do Código Penal, a aposição de assinatura falsa em atestado de doação de sangue emitido por pessoal da sociedade AVIS, tratando-se de uma certificação administrativa, dada a natureza pública da atividade desenvolvida pela associação e a qualificação de encarregado de serviço público do respetivo pessoal.
Esta sentença representa um importante apelo à responsabilidade individual no âmbito da falsidade em documentos. A Corte realçou que, apesar das boas intenções, a falsificação de um certificado, mesmo que motivada por necessidades pessoais, acarreta graves consequências legais. A natureza pública da atividade da AVIS é fundamental, pois confere aos documentos emitidos um valor legal que não pode ser subestimado.
A sentença n.º 22051 de 2023 convida-nos a refletir sobre a importância da verdade e da transparência na documentação administrativa. A responsabilidade penal por falsidade em documentos não é apenas um tema jurídico, mas um valor ético que toca a confiança da coletividade nas instituições. É fundamental, portanto, sensibilizar os cidadãos sobre as consequências da falsificação e promover uma cultura de legalidade.