O recente acórdão n.º 9756 de 11 de abril de 2024, emitido pelo Tribunal da Relação, oferece reflexões significativas sobre as dinâmicas das contas bancárias à ordem e o princípio da prescrição. Em particular, a decisão aborda o caso de um titular de conta que solicita a apuração do saldo da sua conta, destacando o interesse do banco em invocar a prescrição das remessas. Este tema reveste grande importância, pois a compreensão dos direitos e deveres de ambas as partes é fundamental para navegar neste complexo domínio.
No caso específico, o titular da conta, identificado como B., opõe-se a levantamentos considerados ilegítimos, solicitando a refacturação do saldo da conta. O Tribunal da Relação, citando jurisprudência anterior, sublinha que o banco tem um interesse legítimo em fazer valer a prescrição sobre determinadas remessas. A razão para este interesse é dupla: por um lado, a proteção da estabilidade económica do próprio banco; por outro, o princípio da segurança jurídica, que impõe não permanecer indefinidamente exposto a pedidos de restituição.
OPONIBILIDADE - EM GERAL Em geral. Em matéria de conta bancária à ordem, quando o titular da conta intenta a apuração do saldo da conta, a fim de refacturar o montante do seu crédito ou do seu débito, em virtude da exclusão de levantamentos ilegítimos, existe um interesse especular do banco, digno de proteção, em invocar que o cálculo a efetuar tenha em conta a não repetibilidade daqueles levantamentos para os quais a prescrição já se consumou.
Esta máxima evidencia a interação entre os direitos do titular da conta e os do banco. Em particular, o Tribunal estabelece que, embora o titular da conta tenha o direito de contestar levantamentos considerados ilegítimos, o banco tem o direito legítimo de opor a prescrição para evitar ter de devolver quantias que já não podem ser exigidas. Esta dinâmica insere-se no quadro normativo delineado pelos artigos 1832.º e 2033.º do Código Civil, bem como pelo artigo 2935.º, que estabelecem os prazos e as modalidades de prescrição das obrigações.
As implicações da decisão são múltiplas e dizem respeito tanto aos titulares de conta como aos bancos. Entre as principais, podemos listar:
Em conclusão, o acórdão n.º 9756 de 2024 oferece uma reflexão importante sobre a gestão das contas bancárias à ordem e o delicado equilíbrio entre os direitos dos titulares de conta e os dos bancos. É crucial que os utilizadores do sistema bancário sejam informados sobre os seus direitos e deveres, bem como sobre os eventuais prazos que possam influenciar as suas reclamações. A consciência destes aspetos pode ajudar a prevenir conflitos e a garantir uma gestão mais serena das relações bancárias.